quinta-feira, 15 de abril de 2010

Retrato



Por momentos o tempo parou, os segundos, os minutos, as horas, deixaram de existir e tudo se resumiu a um corte de respiração. Dei então por mim estática enquanto o resto do mundo se movia, multidões atarefadas caminhavam, um pouco perdidas entre pensamentos, por baixo do mesmo céu que eu. No entanto mantinha-me imovel como o meu tempo, qual quadro tristemente pintado.

Era um mundo novo, onde tudo cativava a minha atenção, os sons ganhavam cor e forma e as imagens transformavam-se, lentamente, em melodias. Crianças despreocupadas brincavam num jardim, três amigos conversavam alegremente e uma jovem rapariga passeava com o seu cão. O seu ruído era como um azul quente e suave do fim de uma tarde de verão, convidando-me a entrar naquele sentimento...

Pouco mais à frente, no cinzento passeio, pessoas caminhavam, ora mais depressa ora mais devagar, em direcção ao que para mim era o desconhecido. Tinham um ar aterefado espalhado pelo rosto, algumas até mesmo a marca de tristeza. Ouvia a sua respiração ofegante que gritava, gritava numa lingua estranha e confusa fazendo lembrar a chuva...

E eu simplesmente parada, ouvia todas aquelas melodias que lentamente me íam pintando... E eu simplesmente parada tornei-me na tela de mil e uma almas...
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Texto: Dama de Espadas

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Through Glass



"How do I feel? That is the question
But I forget you don't expect an easy answer
When something like a soul becomes initialized
And folded up like paper dolls and little notes
You can't expect a bit of folks

So while you're outside looking in
Describing what you see
Remember what you're staring at is me..."


It's quite easy to stay aside observing… What really takes courage is to step forward…
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Música: Adaptação Through Glass - Stone Sour
Citação: Dama de Espadas

domingo, 11 de abril de 2010

Laying Alone



She lays again dreaming
With castles of sand
The rain outside calls
Her name
There's nothing left to fear
Forsaken the pain
So empty memories
wander in vain

But Still she smiles
for you
But still she sings
To you

I fear she'll leave this world
quite soon
Laying there all alone
in this monsoon
She dreams, only dreams
in her last breath
Around her reality fades

But she goes away
smiling
Freeing herself
At last

Now she lays there and
dreams no more
Her eyes like ice
Her smile with warmth
The sound of the rain
Still falling outside
Her dreams casted away
with her life

She's gone and
now I cry alone
Laying here dreaming
on my own


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Música: Ana Rios

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Seis Cordas



É tão simples, é quase primitivo... E a dor é tão natural e única, semelhante à de uma tempestade de granizo...
Adoro essa dor, que no inicio me fere rasgando a pele como doces punhais de prata, e que depois vai atenuando a pouco e pouco tornando-se em liberdade... As notas dançam qual folhas ao vento e a melodia é tecida, agridoce e fragil como uma teia de aranha... O sentimento fica perdido algures entre a dor, a liberdade e o sorriso que se esconde atrás do olhar incompreendido... Seis cordas de liberdade, seis pontadas de dor de agulhas finas que me fazem sorrir e por vezes chorar...

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Texto: Dama de Espadas

sábado, 3 de abril de 2010

Um Dia de Chuva




Eram tantos os fins de tarde em que partilhávamos sorrisos juntos, enquanto a noite lentamente ía chegando e nos levava a abandonar o campo. Passando o portão cada um seguia uma direcção diferente, e separados ansiávamos já o dia seguinte. Pensávamos como iria ser e se desta vez iríamos conseguir fazer jogadas melhores ou aquele truque que muito treinávamos, para estarmos juntos era tão normal como beber água. No inicio éramos muitos, sempre juntos para o melhor e para o pior, uma só força, um só pensamento, uma só unidade...

O tempo foi passando mais depressa do que esperávamos, alguns ficaram pelo caminho enquanto os outros foram obrigados a avançar devido à força da sociedade. Estávamos agora reduzidos a metade dos sorrisos, mas ainda tínhamos os nossos fins de tarde de sol onde jogávamos futebol até sermos obrigados a partir. E embora menos puros, menos inocentes e com a marca de perda ainda tínhamos os nossos sorrisos... À medida que o tempo continuava a passar crescia a hostilidade dentro de nós, a pressão de boas notas a entrada para uma faculdade mais uma vez a sociedade queria roubar-nos o sorriso.

Passamos a ser quatro sorrisos a jogar á chuva, e em vez de ansiarmos o próximo dia, passamos a pensar que tínhamos menos um juntos para correr atrás de uma bola... Foram anos de ouro, cheios de felicidade que dávamos por garantida...

É o fim de tarde e os mesmo quatro juntam-se para jantar, falam agora de como a vida mudou e das novas experiências que têm tido separados... No caminho pela cidade encontram uma garrafa, tornando-a numa bola jogam como antigamente, os sorrisos voltam e começa a chover enquanto todos pensam "há coisas que nunca irão mudar =)"...

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Texto: Dama de Espadas